Quem era aquele homem? Aquele que se sentava no balcão todos os dias às 10 horas? Sempre naquele ar de mistério, entrava no bar, pendurava o guarda chuvas, puxava a carteira e sentava-se de frente ao atendente e pedia doses a noite toda. Ninguém nunca conversava com aquele sujeito. Algumas mulheres tentavam em vão seduzí-lo. Em vão, porque sequer uma breve olhada ele dava. Ignorava sem pena o mais fundo decote ou mais fino salto agulha. Dizem que um dia, ele virou o rosto pra olhar uma mulher que entrou naquele bar. Loira, estatura média, tipo físico escultural e maquiagem cara. Era essa a mulher (devassa, diga-se de passagem) que o transformara naquele ser cavernoso. Não se sabe ao certo a história. Uns dizem que ele a perdeu pra 'vida', outro que foi trocado pelo melhor amigo dele. Alguns dizem até que ela trocara o sujeito pelo pai (dele). Depois de entrar, a mulher caminhou na sua direção, sussurrou algo em seu ouvido e saiu dando um riso maldoso de satisfação. Todos se arrepiaram com a situação e apostavam doses e mais doses que naquele momento ele atiraria uma garrafa na cabeça dela. Um doce engano desses, que não sabem o que é sofrer um desengano por amor. Ele sofria com destreza e fizera do sofrimento seu modo de vida. E aquela era sua vida. Entre a boemia noturna e o sofrimento entre os raios de sol, tão claros como os cabelos daquela mulher.
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