quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

despedida

Era uma noite quente de verão quando ele se despediu. Tudo que eu conseguia dizer era que tudo ia ficar bem. Não ia, mas eu ainda gostava de me enganar, como nas primeiras vezes. Ele saiu por aquela porta sem hesitar e parecia firme quanto a sua posição. Eu, naquele momento só poderia respeitar sua vontade e me calar, e assim o fiz. Dentro de mim, aquela vontade de tê-lo ao meu lado ainda falava mais alto, mas ainda assim, eu, mesmo que por criação, havia me feito mulher pelo destino. Agir feito uma menina inocente acreditando que as coisas se encaixariam como num quebra cabeças era ingenuidade demais pra mim. Resolvi que era a hora de fazer as malas. Não as minhas, mas as dele. Coloquei cuidadosamente cada camisa, suas calças prediletas, aquele frasco de perfume que ao meu ver, era minha música favorita, só que líquida. Peguei a mala, relativamente leve se comparado ao peso que eu carregava na alma naquele momento e desci até o portão. Queria vê-lo mais uma vez de perto, tocá-lo, esperar que ele me pedisse pra voltar, mas não era certo e eu sabia que não devia. Me contentei em colocar um bilhete sob a mala. Entrei, subi as escadas muito rápido e me tranquei no quarto. O bilhete só dizia o que eu sentia, o que pensava sobre tudo aquilo. ‘Colocaria meu bloco na rua por você, se seu orgulho me abrisse passagem.’

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