segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Abrigos

Era uma tarde chuvosa e ela caminhava apressadamente pela chuva que caía sem cessar. Nem o seu guarda chuvas florido de costume conseguia protegê-la por completo. Não eram normais aquelas chuvas no outono, mas o tempo andava tão fora de si que ela não ousava discutir. Notou que havia um café do outro lado da avenida principal e correu em direção a ele. Abriu a porta devagar e recolhendo o guarda chuvas encharcado. Caminhou em direção ao balcão enquanto uma mulher de uns 45 anos veio prontamente atendê-la. Pediu um café e sentou-se numa mesinha no canto do local, próxima a uma grande vidraça que direcionava sua vista para o movimento da avenida. Ao observar o ambiente em que se encontrava viu algumas fotos de família, um quadro com uma paisagem delicadamente pintada com um barco flutuando sobre um rio, as paredes de veludo salmão, o assoalho amadeirado com cheiro de inverno...tudo ali era suave, tinha um ar despretencioso, mas íntimo...como se fosse um amigo de confiança que guardasse o seu maior segredo. Ela decidira que aquele lugar era o seu favorito no mundo naquele dia. Tinha sempre esse costume. Todas as vezes que saía, procurava algo ou algum lugar na sua rota que tornasse aquela saída importante e valiosa. Aquele lugar simplesmente a deixou apaixonada e por ali ficou por longos minutos. Enquanto a chuva recuperava sua calmaria, ela pagou pelo café, deu um grato sorriso à atendente e prometeu a si mesma voltar. Porque é sempre assim, podemos sempre sair dos lugares que nos fazem bem, mas jamais tiraremos esses lugares de dentro de nós.

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