terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Libertad.

Revirando o caderno de memórias, ela encontrou a seguinte frase:

'Acredite, os elos invisíveis que nos prendem à outras almas podem ser mais fortes que os abraços que nos prendem a outros corpos...'


Após uma mensagem noturna inesperada, ela percebeu que é verdade...e mais, acha que esses laços além de prender, machucam. Nunca mensuramos o tamanho da dor que causamos a outras pessoas até sentirmos na nossa própria pele. Mas laços, correntes, regras nasceram pra isso mesmo; serem rompidas. Às vezes não existe mais sentimento, somente os elos...até que ponto vale preservar os elos vazios?





Well you can get out of this party dress but you can't get out of this skin.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Abrigos

Era uma tarde chuvosa e ela caminhava apressadamente pela chuva que caía sem cessar. Nem o seu guarda chuvas florido de costume conseguia protegê-la por completo. Não eram normais aquelas chuvas no outono, mas o tempo andava tão fora de si que ela não ousava discutir. Notou que havia um café do outro lado da avenida principal e correu em direção a ele. Abriu a porta devagar e recolhendo o guarda chuvas encharcado. Caminhou em direção ao balcão enquanto uma mulher de uns 45 anos veio prontamente atendê-la. Pediu um café e sentou-se numa mesinha no canto do local, próxima a uma grande vidraça que direcionava sua vista para o movimento da avenida. Ao observar o ambiente em que se encontrava viu algumas fotos de família, um quadro com uma paisagem delicadamente pintada com um barco flutuando sobre um rio, as paredes de veludo salmão, o assoalho amadeirado com cheiro de inverno...tudo ali era suave, tinha um ar despretencioso, mas íntimo...como se fosse um amigo de confiança que guardasse o seu maior segredo. Ela decidira que aquele lugar era o seu favorito no mundo naquele dia. Tinha sempre esse costume. Todas as vezes que saía, procurava algo ou algum lugar na sua rota que tornasse aquela saída importante e valiosa. Aquele lugar simplesmente a deixou apaixonada e por ali ficou por longos minutos. Enquanto a chuva recuperava sua calmaria, ela pagou pelo café, deu um grato sorriso à atendente e prometeu a si mesma voltar. Porque é sempre assim, podemos sempre sair dos lugares que nos fazem bem, mas jamais tiraremos esses lugares de dentro de nós.

um dia e nada mais

E mais um dia ela acordou. Acordou daquele jeitinho que todo mundo gosta, abalando. E abalada. E logo ela que se dizia inabalável. Levantou da cama num pulo e abriu a janela pra sentir os primeiros raios de sol do dia. 'Nossa, meu cabelo deve estar horrendo...'. Ainda pensava o que seria da sua vida nos próximos dias. E só de pensar nisso seu estômago revirava de ansiedade. Se dava conta de que não fizera outra coisa além disso desde que se entendia por gente, e o que é pior, de nada adiantava. E é sempre assim, sofrer de véspera e quebrar a cara no momento. Abriu a porta do quarto, caminhou pela casa ainda quieta e foi direto ao banheiro. Olhou-se no espelho e o cabelo não estava tão mal assim. Mas não gostou da sua fisionomia distorcida pelo travesseiro e nem dos olhos vermelhos, sinal do sono incompleto. Caminhou vagarosamente em direção a cozinha, notando que os cômodos tornavam-se cada vez mais iluminados. Provavelmente sua mente já lhe avisava que teria que despertar, gostando ou não. Tomou seu café da manhã, escovou os dentes e sentou-se de frente para o relógio. Todo final de semana ainda refletia na sua consciência e sentia que algo havia ficado incompleto, como todos os dias. Os seus dias estavam incompletos, talvez porque sua vida se encontrava incompleta. Era essa dependência que causava o sofrimento totalmente desnecessário. Bom mesmo é buscar o que te completa em si mesmo. Uma hora todos se vão, é inevitável. Ela tinha uma parte de si em cada pessoa que amava, mas era como sempre ouvira: 'Procure alguém que lhe faça transbordar e seja completo por você'...era isso que faltava, se completar. E não mais enxergar sua vida/coração como um jogo de quebra cabeças ou resta um...

domingo, 29 de janeiro de 2012

Sobre o Coreto.



Esses dias eu vivi algo realmente mágico. Pode parecer estranho, mas era mágico mesmo. Uma pessoa de quase 20 anos acreditando em mágica, por mais absurdo que seja, tem um pé na realidade. E foi real. Eram pessoas mágicas, com qualidades mágicas e que tinham a capacidade de escrever, contar e compor coisas que encantavam a todos. Acho que nunca havia me sentido assim...tão em contato com a linha que divide o real do imaginário. Como eu amei aquele momento...todos aqueles olhares, todo aquele encanto, o lado mais doce da pessoa mais sombria, ou o lado mais obscuro da pessoa mais suave. Inversão de papéis. Um ou mais lados da personalidade daqueles seres mágicos que se revelavam a cada linha que era dita. Nada paga, nenhum preço nesse mundo será cabível pra'quele momento. Foi tudo não perfeito que só agora me peguei questionando...será que foi mesmo real?

sábado, 28 de janeiro de 2012

de início.

Olá! Tudo bem?
Como todo novo blog, todo novo começo, confesso que estou perdida. Não sei exatamente o que postar numa primeira vez e nem pretendo despejar toneladas de informação de uma só vez. Fiz esse blog pra amigos e pra'queles que desejarem se tornar mais um. E sou favorável que todos escrevam, todos se expressem, todos os fantasmas se exorcizem na escrita. Ou não só na escrita, afinal o mundo tem artes o suficiente pra que nenhuma espécie de 'mau agouro' perturbe por muito tempo. O que não é válido é enrustir os bons sentimentos e a vontade de expressão!
Pra um primeiro post, uma composição própria...um pequeno pedacinho de mim em algumas palavras. Espero que gostem, e voltem!



Entendimento e só


'Todas as tardes ela se sentava na mesma praça para curtir a tranquilidade do momento. Um copo de café expresso e uma paisagem monótona de uma praça de interior, nada mais. Mas naquela tarde havia uma movimentação diferente naquele lugar. Do outro lado da praça estava aquele rapaz. Cabelos escuros, uma camisa xadrez bem passada, óculos com uma armação diferente e aparentemente pensativo. Ela se pegou por alguns instantes fitando aquele rapaz. Sabe aqueles momentos em que você imagina o que se passa pela cabeça de outra pessoa? Então, era o que ela estava fazendo...aquela expressão escondia algum mistério...não era algo claro, como uma namorada ou um flertezinho festivo, tampouco uma preocupação acadêmica ou relativo ao trabalho. Era algo mais profundo. Ele franzia levemente a testa como se procurasse uma resposta pra uma questão universal. Era como se a natureza dependesse daquela resposta pra que humanidade se encontrasse em paz na manhã seguinte. Mas que pergunta seria essa?
Ela não notara o tempo que passara desde que começou seu questionamento, mas foi tão profunda na análise que quando deu por si, o rapaz a olhava intrigado e achando estranho o modo como aquela menina agia. Ela acordou de sopetão e enrubesceu levemente. Achando a situação um tanto quanto constrangedora, o rapaz sorriu na intenção de que ela percebesse que estava tudo bem. Ela retribuiu o sorriso e baixou a cabeça pensando no tamanho da besteira que havia feito.
Nesse meio tempo uma bela jovem chegou na pracinha. Com um vestido floral, cabelos curtos meio loiros e trejeitos angelicais. Caminhou em direção ao rapaz e deu-lhe um beijo na testa. O rapaz retribuiu o beijo com um franco sorriso, tomou-a pela mão e retirou-se da praça caminhando lentamente de dedos entrelaçados com a moça.
Aquele momento tão breve foi eterno. Por alguns momentos ela queria ser aquela moça. Sentiu uma vontade imensa de pegar as mãos do rapaz também. Mas ficou contente do momento em que ficara presa na expressão e no sorriso calmo do mesmo.Não descobriu o que ele pensava, e também ja não mais importava. Aquilo valeu-lhe o dia e mostrou que alguns momentos breves valem uma vida, que um breve sorriso prende pela vida toda e que certas pessoas se completam sem esforço algum e simplesmente nascem pra se pertencer, como aquelas duas almas.
Saiu daquele lugar mais feliz naquele dia, mais leve, mais ela. E desde aquele dia, mais amor.'