quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Banalidades

Desde que soube daquela notícia, andava sobre sua insegurança como quem caminha lentamente sobre cacos de vidro em brasa. Nem mesmo as gotas daquela fina chuva de janeiro, que sempre foram motivo de inquietação no verão, incomodavam tanto. Espairecia em botecos baratos, sentada na mesa mais distante, sentindo o estômago revirar e vendo as conversas do inicio se transformar em meras lembranças. Bobagem. Na verdade ela nem se lembrava mais das conversas que haviam tido. Só se lembrava do bilhete na geladeira com uma nota de 100 reais, lhe pedindo perdão por todas as vezes que a havia desestabilizado emocional e financeiramente, por todos os conflitos internos que a havia feito sentir nos últimos anos, prometendo que jamais colocaria os pés dentro de sua casa. Talvez uma promessa nunca tenha doído tanto. Não pra ela. Era exatamente o que ela queria. Mas pra ele, que jamais voltaria a recuperar os 100 reais deixados no imã da geladeira.











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