Diiante do espelho era apenas ela. Desnuda, cabelos soltos e olhos transparentes. Há tempos não se via tão insegura e desprotegida do que era realmente. Era a melhor e a pior imagem que tinha de si. Era assim que recordava de todos os seus momentos, era assim que se sentia ela, era assim que se sentia o mundo. Olhava para o fundo dos seus próprios olhos e dava um forte suspiro. Era como se vivesse tudo aquilo de novo. Era como se nada daquilo tivesse realmente acontecido tão vívidas eram suas lembranças que beiravam a insanidade da própria imaginação. Era como se nada tivesse deveras passado como passou o tempo. Porque tantas portas, porque tanto verde, porque tantas verdades, porque tantas voltas no velocímetro. Porque tudo isso tão longe. Porque tão perto. Diante do espelho era ela, desnuda. Diante do espelho era ele, distante.
Ou pontilhados
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013
quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
Ato de contrição.
Confesso que pequei ainda que considere meu pecado perdoável.
Aliás, ele sempre foi o esse: o pecado pelo excesso.
Sou tudo em demasia, sem meios termos, tudo atingindo as beiradas e o limite.
Testo esse limite e quando o atinjo, sinto que fui longe demais.
Logo, peco pela ilimitação também.
Minha ira quando noto que atingi o ápice dos sentidos também faz de mim uma pecadora.
Meu limite (o mesmo que atinjo) entre a ira e a paixão pela ira me fazem uma garantia de que meu lugar não é o céu.
Peco pela falta de confiança, pela fragilidade da alma, pelos dedos que traem diante da face, e ainda que não me ofereçam-na, atinjo-as.
Me assumo pecadora, peço redenção. Se não houver, continuarei carregando o rosário e os pecados no fundo do peito, pois o veneno que assola, é o mesmo que cura.
Aliás, ele sempre foi o esse: o pecado pelo excesso.
Sou tudo em demasia, sem meios termos, tudo atingindo as beiradas e o limite.
Testo esse limite e quando o atinjo, sinto que fui longe demais.
Logo, peco pela ilimitação também.
Minha ira quando noto que atingi o ápice dos sentidos também faz de mim uma pecadora.
Meu limite (o mesmo que atinjo) entre a ira e a paixão pela ira me fazem uma garantia de que meu lugar não é o céu.
Peco pela falta de confiança, pela fragilidade da alma, pelos dedos que traem diante da face, e ainda que não me ofereçam-na, atinjo-as.
Me assumo pecadora, peço redenção. Se não houver, continuarei carregando o rosário e os pecados no fundo do peito, pois o veneno que assola, é o mesmo que cura.
sexta-feira, 30 de novembro de 2012
essa tarde.
Me afastei do que eu pensava que era. Talvez eu não seja nada daquilo que pensava que era. Ou de fato eu sou, mas me afastei do que sou. Questionamentos vagos.
O inferno astral se assanha entre as minhas pernas como um gato preto em sexta feira 13. Ou se esfrega na minha cara como aquela realidade que você fecha os olhos todas as noites rezando pra que acorde e conclua que tudo era mentira.
Ando com medo de perder pessoas, perder o amor, o sentimento, ver a frieza bater a minha porta pedindo cobertores, de perder a própria perda.
Sei que cada pessoa que leia essas palavras pensará: 'Nossa, ela está realmente mal...'. Os mais próximos virão em socorro achando que a onda ruim superou a imensidão do oceano. Não se preocupe, ela nunca supera. Continuo vivendo o meu ciclo diário de preocupações cotidianas. Os medos na verdade fazem parte do que eu sou...desde pequena aprendi que o medo é sim, um empecilho pra muitas coisas, mas garanto, ele me protegeu de coisas muito piores. E o pior nem a vida em si, mas o que nela se esconde.Mamãe foi quem me ensinou. Aliás, saudades dela...e daqueles em que minhas escolhas me fizeram ficar a alguns kilômetros de distância porque um sonho, ou uma vontade pessoal e porque não, um egoísmo já não se encontravam no mesmo solo onde eu pisava.
Eu estou bem. Ainda tenho as mesmas crenças, continuo acreditando no mesmo Deus que adora me ver desesperada às vezes porque acha curiosa a maneira como abandono o mesmo no meio do caminho como se nem tivesse arrancado fios de cabelos nas unhas pela vontade de chorar feito louca...
Não se preocupem em me procurar achando que sofro...não sofro. Mas carrego o inferno. E pra superá-lo, o astral.
O inferno astral se assanha entre as minhas pernas como um gato preto em sexta feira 13. Ou se esfrega na minha cara como aquela realidade que você fecha os olhos todas as noites rezando pra que acorde e conclua que tudo era mentira.
Ando com medo de perder pessoas, perder o amor, o sentimento, ver a frieza bater a minha porta pedindo cobertores, de perder a própria perda.
Sei que cada pessoa que leia essas palavras pensará: 'Nossa, ela está realmente mal...'. Os mais próximos virão em socorro achando que a onda ruim superou a imensidão do oceano. Não se preocupe, ela nunca supera. Continuo vivendo o meu ciclo diário de preocupações cotidianas. Os medos na verdade fazem parte do que eu sou...desde pequena aprendi que o medo é sim, um empecilho pra muitas coisas, mas garanto, ele me protegeu de coisas muito piores. E o pior nem a vida em si, mas o que nela se esconde.Mamãe foi quem me ensinou. Aliás, saudades dela...e daqueles em que minhas escolhas me fizeram ficar a alguns kilômetros de distância porque um sonho, ou uma vontade pessoal e porque não, um egoísmo já não se encontravam no mesmo solo onde eu pisava.
Eu estou bem. Ainda tenho as mesmas crenças, continuo acreditando no mesmo Deus que adora me ver desesperada às vezes porque acha curiosa a maneira como abandono o mesmo no meio do caminho como se nem tivesse arrancado fios de cabelos nas unhas pela vontade de chorar feito louca...
Não se preocupem em me procurar achando que sofro...não sofro. Mas carrego o inferno. E pra superá-lo, o astral.
terça-feira, 27 de novembro de 2012
Quando o calo canta.
E quando a vontade é pegar todas essas desilusões que se soltaram no ar, e guardá-las no bolso pra não ter mais de encará-las em frente ao espelho. Correr, o mais longe e rápido possível porque todos os dias são como baldes do ácido mais corrosivo que te aproximam de uma realidade que não pode ser vista de olhos abertos. Que sequer pode ser vista. Fechar os olhos? Não, não se sabe de onde vem o tiro.
quarta-feira, 24 de outubro de 2012
Banalidades
Desde que soube daquela notícia, andava sobre sua insegurança como quem caminha lentamente sobre cacos de vidro em brasa. Nem mesmo as gotas daquela fina chuva de janeiro, que sempre foram motivo de inquietação no verão, incomodavam tanto. Espairecia em botecos baratos, sentada na mesa mais distante, sentindo o estômago revirar e vendo as conversas do inicio se transformar em meras lembranças. Bobagem. Na verdade ela nem se lembrava mais das conversas que haviam tido. Só se lembrava do bilhete na geladeira com uma nota de 100 reais, lhe pedindo perdão por todas as vezes que a havia desestabilizado emocional e financeiramente, por todos os conflitos internos que a havia feito sentir nos últimos anos, prometendo que jamais colocaria os pés dentro de sua casa. Talvez uma promessa nunca tenha doído tanto. Não pra ela. Era exatamente o que ela queria. Mas pra ele, que jamais voltaria a recuperar os 100 reais deixados no imã da geladeira.
quinta-feira, 4 de outubro de 2012
ponto de partida
Ficou ali em silêncio, velando pelo sono profundo em que ela se encontrara.
Fazia quase uma hora que aquele era o único som em que ouvia...acompanhava o peito dela se movimentando unido às batidas de seu coração. Aquilo doía profundamente.
Levantou-se, caminhando suavemente pelo assoalho de madeira, por aquele quarto que cheirava a incenso, a sabonete de ervas finas, à perfume de catálogos baratos. O vento que entrava pela janela provocava-lhe um arrepio que atingia-lhe o fundo d'alma. Parou diante do espelho do guarda roupas e fitou profundamente aqueles olhos tristes que se posicionavam olhando-o diretamente. Pegou o diário na estante, desceu as escadas silenciosamente, girou a chave dourada, puxou a maçaneta e saiu, segurando-o firmemente contra o peito e sentindo o coração batendo mais forte quando viu o carro daquela que estava tirando-o de sua vida segura, de sua vida certa, de seu porto maior. Apresadamente entrou no carro e não mais sentiu aquele cheiro, não mais sentiu aquela presença, não mais se sentiu. Nem mesmo aqueles olhos claros, aquelas mãos macias, aquele batom vermelho, comparam-se ao ar que aquela mulher que repousava naquele quarto escuro no andar de cima lhe oferecia. Mas estava mais do que comprovado: ele não a merecia. Estava mais do que certo: deveria partir. Era mais do que claro: era pra sempre.
Fazia quase uma hora que aquele era o único som em que ouvia...acompanhava o peito dela se movimentando unido às batidas de seu coração. Aquilo doía profundamente.
Levantou-se, caminhando suavemente pelo assoalho de madeira, por aquele quarto que cheirava a incenso, a sabonete de ervas finas, à perfume de catálogos baratos. O vento que entrava pela janela provocava-lhe um arrepio que atingia-lhe o fundo d'alma. Parou diante do espelho do guarda roupas e fitou profundamente aqueles olhos tristes que se posicionavam olhando-o diretamente. Pegou o diário na estante, desceu as escadas silenciosamente, girou a chave dourada, puxou a maçaneta e saiu, segurando-o firmemente contra o peito e sentindo o coração batendo mais forte quando viu o carro daquela que estava tirando-o de sua vida segura, de sua vida certa, de seu porto maior. Apresadamente entrou no carro e não mais sentiu aquele cheiro, não mais sentiu aquela presença, não mais se sentiu. Nem mesmo aqueles olhos claros, aquelas mãos macias, aquele batom vermelho, comparam-se ao ar que aquela mulher que repousava naquele quarto escuro no andar de cima lhe oferecia. Mas estava mais do que comprovado: ele não a merecia. Estava mais do que certo: deveria partir. Era mais do que claro: era pra sempre.
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